
O sentido de moda de Katy Perry tem a subtileza de uma final dos Gladiadores Americanos ou uma corrida de Monster Trucks. Mas tal como estes dois exemplos, as fatiotas desta estrela americana são a personificação da cultura pop - e levemente irónicas. Este domingo a diva sobe ao palco do Campo Pequeno, em Lisboa, e um concerto numa praça de touros pode inspirar a excêntrica Katy.
Quando apareceu - ou para sermos mais correctos, quando rebentou - a cantora foi descrita como "uma mistura de pin-up com Joan Jett", aludindo à sua sensualidade protegida por alguma atitude rock''n''roll. Mas demoraria muito tempo até a outrora Katy Hudson, cantora evangélica, galgasse as barreiras do bom gosto para capitanear toda uma brigada da moda nos mares do kitsch. E sim, ela já se vestiu de marinheira.
Carnaval para sempre
Há uma Katy Perry de palco e outra das revistas. A primeira é uma construção de Betsey Johnson, uma estilista americana que gosta de fazer as mulheres parecerem cupcakes. Foi ela quem começou a desenhar para Perry quando esta deu os primeiros passos. Mas cedo a cantora estava a caminhar sozinha: fez-se amiga de Karl Lagerfeld, que a admira, e visita de casa de Steve Madden, designer de sapatos.
Uma grande mudança para a jovem apaixonada por moda que, enquanto filha de um casal de pastores evangélicos, nunca tinha ido muito além da saia-casaco ou das canções feitas para adorar ao Senhor. "Para mim os New Kids On The Block ainda são ''new''", contou num perfil do "Los Angeles Times".
Katheryn Elizabeth Hudson, nascida em Santa Barbara, Califórnia, e recentemente casada com o comediante inglês Russel Brand, não tem problemas em falar do seu passado como ignorante de moda. Nem do seu presente como ignorante: "Não me arrependo ter deixado o liceu por terminar, sobretudo agora quando há correctores ortográficos em todo o lado."
O agente não gosta do lado desbocado da cantora - "é uma miúda linda com uma boca de camionista" - mas a sua honestidade é o que a tem distinguido de outras estrelas pop bem-comportadas. "Não suporto essa canção, é tão irritante", disse ao "The New York Times" sobre o seu single "California Gurls". No teledisco dessa canção (temática: sobremesas), Katy aparece com um soutien que dispara chantilly. Noutra cena está completamente nua em cima de uma nuvem de algodão doce, suficientemente tapada para manter a dignidade e esconder a tatuagem no braço direito: cinco letrinhas apenas formam a palavra "Jesus".
É esta intrigante mistura de culpa católica e loucura provocada por excesso de açúcar que vem este domingo a Lisboa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário